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Relatos do Grande Irmão
O gênero de distopia surgiu no século 18, mas somente 200 anos depois que ele mostrou sua real importância com diversos contos e novelas projetando no futuro ou na fantasia problemas da época em que foram elaborados. Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, é considerada por muitos acadêmicos como a primeira distopia, por satirizar não apenas os romances de marinheiros que faziam sucesso na época, mas pela ironia e sátira a diversas esferas do Parlamento Inglês e o Poder da Igreja em cada uma das ilhas visitadas pela personagem principal.
Foi somente no final do século 19 que se iniciou uma produção constante de histórias projetando no futuro ou fantasia questões que assolavam suas pessoas autoras no presente e pessoas autoras do nível de H. G. Wells (Máquina do Tempo), Jack London (Tação de Ferro) e Franz Kafka (O processo) passaram a usar o gênero para falar sobre suas angústias com o tempo em que viviam. Com o passar dos anos, outros nomes foram se juntando ao clube como Iêvgueni Zamiátin (Nós), Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo), além do próprio George Orwell (Revolução dos Bichos e 1984). Nos tempos atuais, a bandeira da distopia tem como porta-vozes Margaret Atwood (Conto da Aia), Suzanne Collins (Série Jogos Vorazes) e Ernest Cline (Jogador Número 1), entre outros.
No Brasil, pessoas autoras como Ignácio de Loyola Brandão (Não verás país nenhum), Eric Novello (Ninguém nasce herói) e José J. Veiga (Sombras dos Reis Barbudos) colocaram o tempero nacional no gênero em algumas de suas obras. Mas ainda há muitas histórias e distopias que precisam ser contadas, principalmente para entender o presente e com isso lutar para o futuro não ser daquele jeito.
Relatos do Grande Irmão homenageia não apenas Orwell – comemorando sua entrada em Domínio Público –, mas toda tradição de pessoas autoras e histórias distópicas. São 11 contos escritos por pessoas autoras de todo o Brasil com curadoria de Max Mendes Fischer, capa de Bruno Prosaiko e prefácio de Débora Tavares, uma das maiores especialistas em Orwell no Brasil.
Conheça os contos:
A resistência, por Naomi Maratea: Matheus enxerga as intempéries de ser uma pessoa trans no Brasil como se enxergasse um filme futurista cyberpunk.
Entrevista, por Rodrigo Ortiz Vinholo: Priscila depende de auxílios governamentais para sobreviver, e para isso precisa se submeter a uma entrevista, sem saber se será aprovada ou saíra viva. Ela, no entanto, parece ter descoberto uma brecha no sistema.
Espelho unidirecional, por Daniela Funez: Fechada em um trabalho para uma empresa que gerencia por concessão toda uma cidade, Lea sente um incômodo que a faz questionar sua própria humanidade.
Mãe por uma noite, por Alex Machado: Ane perdeu o último circular antes da estação fechar. Agora para chegar em casa em segurança terá que ser o que nunca foi: uma mãe.
Basta acreditar, por Charlie Almeida: Uma moradora da Vila do Abismo tem um sonho, confiança e uma série de podcasts de um coach transformador de vidas. O que pode dar errado?
O Jardim do Fascista, por Ariel Ayres: O último coven da cidade vai dar sua cartada final para livrar o país de seu ditador. Em um mundo onde a magia é crime, cabe a elas se unirem para salvar a liberdade.
O teorema de Kaká, por Suéllen Raquel da Silva: Arthur Roth é um homem tomado pela culpa. Sua paixão pela Matemática mudou a realidade de muita gente, mas não da forma que ele esperava. Obstinado a corrigir seus erros, descobrirá em um inesperado encontro que os números podem ser a mais humana das ciências.
Pássaros não podem voar, por J. C. Rodrigues: Um urubu se vê preso às mazelas da vida cotidiana enquanto é forçado a testemunhar uma cruel verdade em uma sociedade de castas.
Polícia do Carma, por Pedro Icaro: Tom passou a vida inteira juntando dinheiro para participar do Programa Vida Pregressa. O que ele não sabe é que isso pode impactar não só sua vida atual, mas também sua existência, para sempre.
Camellia sinensis, por Max “Myandro” Fischer: Os relatos de um diário revelam os pensamentos mais íntimos do último passageiro a chegar no Vilarejo 2247.
A rede, por Carlos S. Leonardo Jr.: Em um mundo onde o contato humano quase foi extinto, os moradores de Tropicália têm toda forma de interação por meio de um complexo sistema virtual.
Duas estações, por Pedro Guerra Demingos: Devido a uma pandemia eterna, existem apenas duas estações no ano: Abertura e Quarentena. Essa é a história de amor (ou não) de um apaixonado tentando mandar presentes para sua amada.
Sociedade Anônima, por Allana Dilene: O Panóptico vigia a tudo e a todos e, tentando se esconder de seu olhar atento, atua a Sociedade Anônima. Silvana é uma Sócia, e seu trabalho é levar coisas de um lado para outro, e não fazer perguntas. Mas a missão dessa noite é totalmente inesperada.